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HUGO PINHEIRO SOARES
O COMUNISMO E O CONTINUISMO
Comentamos a seguir, em poucas linhas, o magnífico e substancioso trabalho
que o economista e sociólogo da nossa época, Dr. Glycon de Paiva, vem de publicar
na edição de março-abril do “Digesto Econômico” editado pela Associação Comer
cial de São Paulo, sob o títu’o “O comunismo e o continuismo”, e que vai transcrito
nas páginas dêsta edição em forma de “Suplemento” :
No tópico “A simbiose comuno-continuista” do magnífico trabalho — escrito e
publicado antes do dia 81 de março, isto é, ainda na administração passada — diz
o Dr. Glycon de Paiva, ao descrever os processos de comunização empregados pelos
“comuno-continuistas” :
“Anteriormente explicamos a associação simbiótica do continuismo e do co
munismo no Brasil dos nossos dias. Nessa associação, o comunismo é o animal hos
pedeiro e o continuismo o parasito. Ã associação, o hospedeiro fornece os seguintes
elementos para o sucesso da vida em comum:
a) organização e devotamento;
b) técnicos de conflito;
c) táticas de conquista do Poder;
d) apôio externo no setor da guerra política e econômica;
e) plano para a tomada do Poder.
O parasito, isto é, o grupo dos interêsses continuistas, coopera para a asso
ciação com os seguintes valiosos elementos:
a) ampla base administrativa com acesso e com autoridade aos últimos rin
cões do país;
b) comando monetário e creditíeio capaz de desregular todo o funcionamento
do sistema de livre emprêsa;
c) sistema de comunicação;”
A Telebrasil, que esteve sempre presente nos debates e nos trabalhos das co
missões legislativas, em Brasília, por ocasião da tram itação nas duas Casas de Con
gresso da Lei nQ 4.117 (Código Brasileiro de Telecomunicações), ocasião em que
fêz uma campanha de esclarecimentos entre Deputados e Senadores para que não
fôssem consumados dois grandes atentados à democracia, viu todo seu esforço per
dido quando em meio da peleja veio a falecer o saudoso e bravo Senador Cunha
Melo que, com denodo e bravura, defendia patriòticamente a livre iniciativa. Nessa
ocasião, a Diretoria da Telebrasil procurou provar que a estatização do serviço te
lefônico era um passo na direção da implantação do comunismo no Brasil.
Dali por diante, a situação foi, todavia, dominada por um grupo de Deputados
comunistas — entre os quais alguns se acham hoje com seus direitos políticos cas
sados — e o Código de Telecomunicações foi, afinal, aprovado e sancionado com
dois dispositivos altamente contrários aos interêsses do povo e da iniciativa pri
vada, a saber:
a) o estabelecimento do monopólio estçital para os troncos interurbanos;
b) o confisco do dinheiro do assinante em operações de auto financiamento, a
favor de mais uma emprêsa governamental, confisco êsse da ordem de
30% do valor da tarifa.
Aos custos de hoje, a assinatura adequada de um telefone deve situar-se
entre 6 a 7 mil cruzeiros por mês, com tendência a aumentar, o que importa em
dizer que o assinante será espoliado em cêrca de Cr$ 25.000,00 por ano, se o Go-
vêrno de hoje permitir que êsse dispositivo, ainda não adotado, seja pôsto em vigor.