Page 1378 - Telebrasil Noticiário
P. 1378

de  siderurgia  do  coque.  Investimento                                                                                                                   bre  os  corretos  limites  da  intervenção




                               expiatório  é  o  realizado nas ferrovias,                                                                                                                útil  do  Estado,  quando  expus  meus



                               navegação  e  energia  elétrica,  após  ter                                                                                                               cuidados  a  um  velho  amigo,  mestre



                               sido  a  iniciativa  privada  asfixiada  ou                                                                                                               lúcido  e  mordaz.  «Chega  de  teorias»,



                                desencorajada.                                                                                                                                            disse-me  êle...  «Haja  vista  o  mal





                                        Minha  opinião  sobre  esses  düversos                                                                                                            enorme  que  estão  fazendo  duas  teo­



                                comportamentos  é  simples.  Endosso  o                                                                                                                   rias  do  desenvolvimento  econômico,




                                pioneirismo  do  Estado,  desde  que  se­                                                                                                                  hoje  populares  nos  círculos  adminis­



                                ja  temporário  e  não  se  estenda  até  à                                                                                                                trativos  e  poéticos  da  nação:  a  teoria



                                senectude.  Acho  indispensável  a  pre­                                                                                                                   tipográfica do desenvolvimento,  ou  se­



                                 sença  e  a  fiscalização  do  Estado,  nas                                                                                                                ja,  o  desenvolvimento  pela  emissão



                                 áreas  que  chamei  de  vedatórias,  mas                                                                                                                   de  papel-moeda;  e  a  teoria  lacrimosa




                                 não  enxergo  vantagens  no  monopó­                                                                                                                       do  desenvolvimento,  ou  seja,  o  desen­




                                 lio.  Considero  útil  o  investimento  su­                                                                                                                 volvimento  pela  lamentação.  O  de  que



                                 pletivo,  desde  que  suplemente  ao  in­                                                                                                                   precisamos,  prosseguiu  êle,  são  regri-



                                 vés  de  expulsar.  Quanto  ao  investi­                                                                                                                    nhas  de  bom  senso,  acessíveis  mesmo



                                 mento  expiatório...  Ora  bolas!  Me­                                                                                                                      a cérebros pré-lógicos  e fàcilmente ex­




                                 lhor teria  sido  não pecar para não ter                                                                                                                    plicáveis por histórias em quadrinhos:



                                 que  expiar...




                                          Se  encaro  com  apreensão  o  furor                                                                                                                         1.  O  Estado  não  sofre  de  escassez




                                 estatizante  que  periodicamente  asso­                                                                                                                       de tarefa,  e sim  de  escassez  de  recur­



                                 la  o  país,  não  é  por  preconceito  ideo­                                                                                                                 sos;



                                 lógico  contra  a  emprêsa  pública.  As                                                                                                                              2.  O  Estado  não  pode  dar  ao  indi­




                                 razões  são  outras.  Primeiro  porque,                                                                                                                       víduo,  que  dêle  primeiro  não  tenha



                                 vendo  o  Estado  relapso  e  omisso  nas                                                                                                                     tirado;




                                 suas  tarefas  rudimentares de dar edu­                                                                                                                                3.  Antes  de se mudar o agente eco­



                                 cação  e  melhorar as  condições  de  saú­                                                                                                                    nômico,  convém  verificar  se  o  melhor




                                  de  e  habitação  do  povo,  suponho  que                                                                                                                    remédio  não  é  mudar  a  política  eco­



                                 não  lhe  sobre  dinheiro  nem  capacida­                                                                                                                      nômica ;



                                 de  gerencial  para  as  vastas  e  diver­                                                                                                                             4.  E ’  besteira  gastar  dinheiro  para



                                 sas  tarefas  em  que  o  vejo  embrenha­                                                                                                                      encampar o que já existe, se o Estado




                                 do.  Segundo,  porque  há  sempre  o  ris­                                                                                                                     não  cumpriu  ainda  o  dever  de  criar  o



                                 co  de  a  emprêsa  estatal  esquecer  que                                                                                                                     que  não  existe.



                                 é mero instrumento,  transformando-se                                                                                                                                   Seja  como  fôr, com base  em  teorias




                                 em  objetivo;  e  sobrepondo  a  sua  pró­                                                                                                                      ou  regrinhas  de  bom  senso,  tenho



                                 pria  preservação  aos  interêsses  da na­                                                                                                                      para  mim  que  é  necessário  refrear-se




                                 ção.  Terceiro,  porque  já  vi  emprêsas                                                                                                                       Leviatã,  o  Estado  todo-poderoso;  a



                                 do  Estado,  que  começaram  eficientes,                                                                                                                        fim de evitar que, interferindo com as




                                 sucumbirem  ao  longo  do  caminho  ao                                                                                                                          liberdades  do  mercado,  não  venha  a



                                 assalto combinado do empreguismo, da                                                                                                                            privar-nos  das  liberdades  mais  impor­



                                 politização  dos  gerentes,  da  soberba                                                                                                                        tantes  de  oração  no Templo,  de  diálo­



                                 indiferença  a  custos  de  produção  e  da                                                                                                                     go  na  Academia,  de  debate  na  Ágo-




                                 aceitação  mansa  de  déficits  de  opera­                                                                                                                      ra.  E*  necessário  refrear  Leviatã,  o




                                 ção  como  estilo normal  de  vida.  Essas                                                                                                                      antigo monstro da fábula,  seja êle pa­



                                 coisas  podem  ocorrer,  e  também  ocor­                                                                                                                       recido  com  um  crocodilo,  como  se  de­



                                rem,  na  emprêsa  privada.  Mas  com                                                                                                                            preende  do  Livro  de  Jó,  seja  êle  pa­




                                uma  vital  diferença:  não  persistem                                                                                                                           rente  da  baleia,  conforme  se  descre­



                                 indefinidadmente,  já que mais cedo ou                                                                                                                          ve no Livro dos  Salmos.  Porque,  como



                                mais  tarde  sobrevém  a punição  da fa­                                                                                                                         disse  Lord  Acton,  em  seu  luminoso




                                lência.                                                                                                                                                          Tratado  sobre  o  Príncipe  e  o  Estado,




                                         Isto  posto  e  disposto,  aprestava-                                                                                                                   o  Poder  corrompe,  e  o  Poder  absoluto




                                -me  eu  para  desovar  uma  teoria  so­                                                                                                                        corrompe  absolutamente.»
   1373   1374   1375   1376   1377   1378   1379   1380   1381   1382   1383