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de siderurgia do coque. Investimento bre os corretos limites da intervenção
expiatório é o realizado nas ferrovias, útil do Estado, quando expus meus
navegação e energia elétrica, após ter cuidados a um velho amigo, mestre
sido a iniciativa privada asfixiada ou lúcido e mordaz. «Chega de teorias»,
desencorajada. disse-me êle... «Haja vista o mal
Minha opinião sobre esses düversos enorme que estão fazendo duas teo
comportamentos é simples. Endosso o rias do desenvolvimento econômico,
pioneirismo do Estado, desde que se hoje populares nos círculos adminis
ja temporário e não se estenda até à trativos e poéticos da nação: a teoria
senectude. Acho indispensável a pre tipográfica do desenvolvimento, ou se
sença e a fiscalização do Estado, nas ja, o desenvolvimento pela emissão
áreas que chamei de vedatórias, mas de papel-moeda; e a teoria lacrimosa
não enxergo vantagens no monopó do desenvolvimento, ou seja, o desen
lio. Considero útil o investimento su volvimento pela lamentação. O de que
pletivo, desde que suplemente ao in precisamos, prosseguiu êle, são regri-
vés de expulsar. Quanto ao investi nhas de bom senso, acessíveis mesmo
mento expiatório... Ora bolas! Me a cérebros pré-lógicos e fàcilmente ex
lhor teria sido não pecar para não ter plicáveis por histórias em quadrinhos:
que expiar...
Se encaro com apreensão o furor 1. O Estado não sofre de escassez
estatizante que periodicamente asso de tarefa, e sim de escassez de recur
la o país, não é por preconceito ideo sos;
lógico contra a emprêsa pública. As 2. O Estado não pode dar ao indi
razões são outras. Primeiro porque, víduo, que dêle primeiro não tenha
vendo o Estado relapso e omisso nas tirado;
suas tarefas rudimentares de dar edu 3. Antes de se mudar o agente eco
cação e melhorar as condições de saú nômico, convém verificar se o melhor
de e habitação do povo, suponho que remédio não é mudar a política eco
não lhe sobre dinheiro nem capacida nômica ;
de gerencial para as vastas e diver 4. E ’ besteira gastar dinheiro para
sas tarefas em que o vejo embrenha encampar o que já existe, se o Estado
do. Segundo, porque há sempre o ris não cumpriu ainda o dever de criar o
co de a emprêsa estatal esquecer que que não existe.
é mero instrumento, transformando-se Seja como fôr, com base em teorias
em objetivo; e sobrepondo a sua pró ou regrinhas de bom senso, tenho
pria preservação aos interêsses da na para mim que é necessário refrear-se
ção. Terceiro, porque já vi emprêsas Leviatã, o Estado todo-poderoso; a
do Estado, que começaram eficientes, fim de evitar que, interferindo com as
sucumbirem ao longo do caminho ao liberdades do mercado, não venha a
assalto combinado do empreguismo, da privar-nos das liberdades mais impor
politização dos gerentes, da soberba tantes de oração no Templo, de diálo
indiferença a custos de produção e da go na Academia, de debate na Ágo-
aceitação mansa de déficits de opera ra. E* necessário refrear Leviatã, o
ção como estilo normal de vida. Essas antigo monstro da fábula, seja êle pa
coisas podem ocorrer, e também ocor recido com um crocodilo, como se de
rem, na emprêsa privada. Mas com preende do Livro de Jó, seja êle pa
uma vital diferença: não persistem rente da baleia, conforme se descre
indefinidadmente, já que mais cedo ou ve no Livro dos Salmos. Porque, como
mais tarde sobrevém a punição da fa disse Lord Acton, em seu luminoso
lência. Tratado sobre o Príncipe e o Estado,
Isto posto e disposto, aprestava- o Poder corrompe, e o Poder absoluto
-me eu para desovar uma teoria so corrompe absolutamente.»