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crativos  —   tudo  aquilo  que  passou  às  mãos  do  Estado  ou  do  Município



                                  entrou  em  “pane”,  caindo  num  regime  de  “déficits”  acumulados,  de



                                  difícil  solução.  Não  precisamos  apontar  nenhum  caso  específico,  pois



                                  todos  já  são  por  demais  conhecidos.





                                                  Ora,  não  vemos,  por  tudo  isso,  melhores  razões,  neste  duro  transe,



                                  para  perseguirmos,  agora,  a  estatização  indiscriminada  das  empresas



                                  de  serviços  de  utilidade  pública.  Houvesse  neste  país  melhores  atrativos



                                  para  a  fou'maçâo  de  capitais  próprios,  destinados  a  serem  aplicados  em



                                  empreendimentos  relacionados  com  serviços  de  utilidade  pública  —   de­



                                  vidamente  assistidos  pelo  Poder  Público,  com  a  segurança  de  tarifas



                                  justas  a  todo tempo,  propiciadoras  de remuneração  também  a  todo  tempo


                                  adequada  —   e  o  capital  nacional,  as  economias  dos  nacionais,  os  frutos



                                  da  poupança  e  do  tirocínio  dos  brasileiros  haveriam  de  acorrer,  forço­



                                  samente,  para  tais  empreendimentos,  assegurando,  desta  maneira,  a  so­



                                   lução  de  todos  os  nossos  problemas.





                                                   Um  velho  brocardo  diz:  —   muito  ajuda  quem  não  atrapalha!






                                                  No  caso  dos  telefones,  por  exemplo,  se  o  capital  investido  em  ações



                                  das  300  empresas existentes no  Brasil pudesse  garantir rentabilidade pelo



                                  menos  equivalente  àquela assegurada  pelos  empreendimentos  imobiliários


                                  ou  por  investimentos  feitos  em  atividades  de  fins  puramente  lucrativos,



                                  não  estaríamos,  hoje,  Tia  situação  de  penúria  em  que  nos  debatemos,



                                  pois as  economias dos  brasileiros estaríam sendo canalizadas para aquelas



                                   empresas,  cujo  capital  até  há  pouco  tempo  estava  restrito  à  participa­


                                   ção  dos  investidores  estrangeiros,  na  maior  parte  dos  casos,  como  pio­



                                  neiros  que  foram,  neste  país,  de  tais  empi'eendimentos.  Muita  gente



                                   que  se  limita,  hoje,  a  emprestar  dinheiro  a  juros,  a  comprar  ações  que



                                   pagam  dividendos  da  ordem  dos  25  a  30%  ao  ano  ou  a  especular  com


                                  imóveis,  sob  a  sombra protetora  do  caos  inflacionário,  estaria investindo



                                  por  inteligência  e  patriotismo  suas  economias  em  ações  das  empresas



                                  operadoras  de  serviço  telefônico,  assegurando-lhes,  assim,  os  recursos



                                  indispensáveis  à  execução  de  seus  planos  de  expansão,  sem a  necessidade


                                  dos processos até aqui adotados para atraí-los,  compulsòriamente.






                                                  NÕX)  será  com  a  estatização  que  se  logrará  corrigir  tão  grave  falha.



                                  O  que  a  política  intentada,  com  a  melhor  boa  fé  e  o  maior  desejo  de


                                  acertar,  pelo  atual  Governo  poderá  conseguir,  como  bem  o  disse  o  ma­



                                  gistral  Gudin,  será  a  estatização  do  “déficit”,  mas  nunca  a  solução  do



                                  problema.  0   mais  indicado  sería  assegurar  condições  para  a  eliminação


                                  dos  “déficits”,  pois,  nas  mãos  do  Govêimo,  como  nas  mãos  do  particular,



                                  os  investimentos  deficitários  não  poderão  lograr  qualquer  êxito.  Não



                                  seria  lógico  desviarem-se  recursos  do  erárío  para  a  cobertura  dos  “dé­



                                  ficits”,  recursos  que  devem ser aplicados  de  outra fo7'ma, 7nais  condizente


                                  com  o  interêsse  coletivo.






                                                  A  nãó ser que nos provem que a estatização pura e simples dos servi­


                                  ços de utilidade pública provoque um milag7'e, toimando 7'endosos empreen­



                                  dimentos  deficitários,  nós  havemos  de  continuar,  coin  o  7naior  respeito  e



                                  sem  qualquer  intenção  de  combate  que  vise  a  denegrir  ou  subestimar  a



                                  capacidade  de  t7'ábalho  das  entidades  estatais,  a  7'egistrar a  mesma  per­


                                                                                                                                                                                                                                                                     Resol­
                                 gunta,  que  será  muito  difícil  responder-se  afirmativa7nente :  —

                                 verá a estatização dos serviços de utilidade pública o proble7na brasileiro?



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