Page 1617 - Telebrasil Noticiário
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DIVULGADO PELA
ANO II
FEDERAÇAO DAS ASSOCIAÇÕES DE EMPRÊSAS DE TELECOMUNICAÇÕES DO BR ASIL N. s 27-20
RIO DE* JANEIRO A B R IL. MAIO DE l'JG2, DISTRIBUIÇÃO in t e r n a
Diretor responsável: Hugo P. Soares
BILHETE AO LEITOR
Acaba o Governo Federal, com o maior acerto, demonstrando perfei
to conhecimento da matéria, de chamar a sua esfera de competência o direto controle do
serviço telefônico interestadual e internacional, impedindo, desta maneira, que a demagogia
regional desencadeada em vários pontos do pais, visando a determinadas empresas^ conces^
sionarias daquele serviço publico, indiscriminadamente, acabasse por conduzir ao caos todo
o nosso sistema de telecomunicações.
Desde que as tricas da baixa politicagem — e, mesmo, a paixao i-
deológica de determinados grupos extremistas — passaram a incluir o serviço de telefo^
nes no seu tripé de sustentação, generalizou-se, no Pais, a convicção de que em pouco
tempo aquilo que já se conseguira realizar no Brasil no campo da telefonia haveria de en
trar em decomposição.
Em tõda essa história, pondo-se de lado qualquer preconceito, forçoso
é reconhecer que a cousa vinha sendo conduzida, alias muito habilidosamente, pelos agita
dores e inocentes úteis da agitação, no sentido de conduzir as concessionárias a asfixia ec£
nômico-financeira e, consequentemente, à completa impossibilidade de atenderem à demanda
de telefones registrada e às reais necessidades nacionais.
Num país submetido ao impacto de tremenda inflação e às agruras de
um mercado cambia, dos mais incertos, o custo dos equipamentos de importação tornou-se
praticamente imprevisível — do que resultou para as empresas operadoras do serviço te
lefonico a cabal impossibilidade de executar seus programas de ampliaçao de redes, de sor
te a acompanharem a evolução do progresso nacional.
Vivendo descapitalizadas e a duras penas, instantes de maior penúria,
num regime de tarifas vis, inadequadas e insuficientes — e por isso mesmo impedidas da
formaçao de reservas para ocorrerem aos investimentos necessários à ampliação do servi
ço a seu cargo — as concessionárias de serviço telefônico têm sido, também, apontadas
como inadimplentes, sob a forma de responsáveis pela calamidade em processamento, que re
sultou, muito, ao reves, de causas que nao dependeram delas, concessionárias.
Ao mesmo tempo que se exigia das empresas operadoras a realização
de obras de ampliaçao de suas redes — a cada dia mais custosas — recusava-se-lhes
a natural fonte de receita, com bases em tarifas justas e adequadas, que lhe criassem cre
dito e prestigio para obtenção de novos capitais. Nao se lhes dava facilidades para a im
portaçao de equipamento, porque em "pane" o nosso saldo de divisas no exterior; lim it a
va-se a pouco mais de zero a capacidade do mercado nacional de equipamento; impedia-se
o recurso da convocação dos usuários a participarem do investimento, mediante o sistem a
de autofinanciamento, como foi o caso de Sao Paulo, Guanabara, Porto Alegre e Belo Ho
rizonte e negava-se-lnes. enfim, acesso ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico —