Page 23 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1974
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Dentro da "aldeia de comunica dinárias entrando em vigor no ano
ção global" em que vivemos no seguinte. A lista Comum incorpo
mundo moderno, o comércio in ALALC: ra os produtos cujos gravames e
ternacional cada vez mais vem demais restrições as partes contra
tendo fundamental importância um salto tantes, por decisão coletiva, com
na vida dos povos, a ponto de de prometem-se a eliminar integral
terminar mudanças radicais nos para mente para o comércio intra-zonal
tradicionais pólos de decisão polí o futuro? segundo determinadas percenta
tica, que ficaram à mercê das vi gens de crescimento gradativo.
cissitudes e incertezas de um co As concessões em Lista Comum
mércio exterior, cada vez mais de são irrevogáveis.
pendente uns dos outros. JOSÉ OLAVO DINIZ Como instrumento principal regu
Se nossa imaginação pudesse criar lador de liberação comercial utili
um país vivendo isoladamente — o GATT, até fim dos anos 50 o co zado pelos denominados países
que na prática é impossível — o mércio entre países da América grandes, surgiu o "ACORDO DE
seu desenvolvimento econômico do Sul ainda era regulado por sim COMPLEMENTAÇÃO INDUS
iria depender da capacidade de ples acordos bilaterais. TR IA L", cujas vantagens são ex
poupança interna aliada a um Assim, em fins de 1958 inicia clusivas dos países signatários.
grande poder criativo que soubes ram-se conversações entre Argen
se renunciar a uma sociedade de tina, Brasil, México e Uruguai, vi A posição brasileira tende a enca
consumo cada vez — igualmente — sando estudar a possibilidade de minhar-se no sentido de prestigiar
mais global. E a experiência — até conduzir o comércio intra-regio- o processo de mútuas concessões
certo ponto frustrante — das eco nal em bases multilaterais. Após preconizadas pelo Tratado de
nomias socialistas ou socializadas sucessivas reuniões em vários paí Montevidéu, cujo mecanismo, en
vem pôr a lume o fato de que o ses da zona chegou-se, finalmente, tretanto, precisa, inegavelmente,
Estado é permitido até estabelecer à assinatura do "Tratado de Mon ser alterado para produzir os efei
uma rígida economia fechada e tevidéu" em 18 de fevereiro de tos que todos os países subscrito
voltada para dentro de si mesma e 1960, pela Argentina, Brasil, Chi res desejam.
de seus súditos ideológicos, mas le, México, Paraguai, Peru e Uru Em todo caso, enquanto não se
não poderá nunca anular a perso guai. Por este documento básico aperfeiçoa o processo — cuja gran
nalidade do homem, imutável no instituiu-se a "Associação Latino- de causa é a instabilidade política
tempo e no espaço, com suas ân Americana de Livre Comércio", dos governos sul-americanos —
sias de novas conquistas e novos com sede em Montevidéu, Uru ressaltam-se certas vantagens da
objetivos. guai, e estabeleceu-se forma para nossa posição, como:
O processo pelo qual se permite a atuação comercial em uma "Zona a) capacidade de — como país
abertura dessas economias — es de Livre Comércio". produtor — promover, gradual
tratificadas ou não — é justamente Entre outros compromissos for mente, a substituição de impor
o comércio internacional, traço mais assumidos no Tratado, obri tações extra-zonais dos outros
que une hoje países não só de gam-se os países convenentes: países;
língua, credo e costumes total 1) estabelecimento de uma zona b) captação de investimentos ex
mente diferentes mas, sobretudo, de livre comércio; ternos.
entre nações que se contrapõem 2) fixação de um período de aper No momento a ALALC encontra-
ideologicamente e que podería feiçoamento de 12 anos (pror se ainda num período de transi
mos classificar de "íntimos inimi rogado em 1969 pelo Protoco ção, com a formulação do plano
gos históricos". lo de Caracas por mais de 8 de ação para a etapa 1980.
Nos últimos anos o comércio in anos até 1980); No conjunto de interesse comer
ternacional cresceu de modo ex 3) eliminação gradual de restri cial brasileiro a ALALC represen
pressivo — em que pese a inflação ções e gravames que incidem tou em 1972 o 4? mercado para
até nos países de economia tradi sobre o comércio recíproco. as exportação brasileiras (U$ 414
cionalmente estável — em função Este último ponto é o que tem milhões) com destaque principal
da extraordinária evolução tecno determinado — anualmente e por para o incremento das vendas de
lógica, da melhoria acentuada dos rodízio — reuniões entre delega produtos industrializados.
meios de transporte e das comuni ções empresariais nos diversos paí Estes fatos estão a demonstrar,
cações e pela (mais ou menos) du ses interessados sob o patrocínio portanto, que se deve reconhecer
radoura paz. da "ALAIN EE" (Associação Lati a importância das tarifas preferen
Dentro desta tendência, e objeti no-Americana da Indústria Ele- ciais da ALALC para as nossas
vando institucionalizar mecanis tro-Eletrònica), entidade criada vendas nesta área, sobretudo se
mos próprios para ação comercial em 24.10.63 sob a inspiração de considerarmos o alto grau compe
no campo internacional, cabe des equacionar e recomendar aos res titivo que nossa indústria já alcan
tacar a criação da ALALC (Asso pectivos governos a redução gra çou, a proximidade geográfica e a
ciação Latino-Americana de Livre dual dos gravames para produtos vantagem dos incentivos fiscais e
Comércio). constantes de listas adrede prepa de créditos à exportação.
Como conseqüência da depressão radas. Estas listas ou são NACIO Tudo está a indicar que o Brasil
econômica dos anos 30, e apesar NAIS ou COMUNS. Nacional é poderá ser o supridor da América
do grande esforço de multilaterali- aquela de cada país'contratante, Latina, em produtos industrializa
zação desenvolvido pelos organis sendo as concessões negociadas dos no futuro cada vez mais pró
mos tradicionais como FMI e por ocasião das Conferências Or ximo.