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que estão perto dos ricos tendem a enri­
quecer. Ninguém enriquece junto aos po­
bres; só junto aos ricos.
Aquêles que se beneficiam com o au­
mento da quantidade de moeda aumentam
naturalmente os seus gastos especial­
mente os de consumo supérfluo, se­
jam éles empreiteiros, industriais, incor-
poradores etc. Daí o fato característico
da inflação, da proliferação das casas de
artigos de luxo, das buates, dos restauran­
tes, dos cabeleireiros, dos automóveis de
marca etc.
Mas se o fenômeno da inflação não
dá lugar ao incremento da produção, é
forçoso, desde que há grupos que se bene­
ficiam, que haja outros que são prejudica­
dos. Quais são então êsses prejudicados
pela inflação? Quais são os que perdem?
a) Os primeiros a perder são os de»
tentores de títulos expressos em
moeda, como apólice,
res etc., cujo valor real decai na
proporção da depreciação mone­
tária. Em uma inflação prolon­
gada esta classe é inteiramente
arruinada;
b) São também prejudicados aquêles
grupos econômicos que se achan
mais distanciados dos grupos que
recebem o fluxo monetário inicial.
E o grupo geralmente mais pre­
judicado é o da agricultura, por­
que os beneficiados não aumentam
apreciàvelmente a sua procura
de produtos agrícolas. Ficam en­
tão os agricultores pagando acs
demais grupos já beneficiados
preços mais
ainda vendem seus produtos pelos
preços normais.
c) São também, quase invariàvel-
mente os concessionários das em­
presas de serviços públicos (trans­
portes, eletricidade etc.) porque
os governos se recusam a reajus­
tar as tarifas dos serviços na me­
dida da depreciação monetária.
Daí a ruina ou encampação, quan­
do não confisco das empresas de
serviços públieos.
d) São também vitimas da inflação
todos aquêles que realizam em­
preendimentos ou obras de longo
prazo de execução, como constru­
ção de navios, de barragens, de
usinas hidrelétricas etc., cujos or­
çamentos estouram espetacular­
mente de um ano para outro. São
recentes os casos da 'usina de
Ponte Coberta da Light, que aca­
bou custando o triplo do orçado
e da Usimlnas levada à beira da
falência pelo estouro dos seus or­
çamentos .
Além das desigualdades entre os gru­
pos apontados nos dois parágrafos ante­
riores, o daqueles que ganham e o daque­
les que perdem com a inflação, há outras
deformações e desigualdades provenientes
da interferência do govêmo na economia
inflacionada.
Por exemplo:
a) As que resultam dos tabelamen­
debêntu
tos da COFAP; órgão que pre­
tende fixar os preços de venda de
um produto, sem também fixar os
preços dos fatôres que entram no
seu custo de produção!
b) As que resultam das «licençag
prévias» de importação. Isso dá
lugar à formação de grandes for­
tunas, «mesmo que não haja cor­
rupção» .
c) As que provêm da concessão de
taxas especiais de câmbio aos que
assim têm suas importações a
preços apreciávelmente reduzidos.
Nesse caso os prejudicados são o
contribuinte que paga a diferença
ou aquêles que são obrigados a
elevados, quando
pagar uma taxa de câmbio cor­
respondente mais alta do que
a taxa média.
Vê-se portanto que a inflação dá lu­
gar a uma série de graves desigualdades e
portanto de disputas entre os grupos eco­
nômicos e sociais:
a) Porque ela não se processa NEM
UNIFORME NEM SIMULTA­
NEAM ENTE ;
b) Porque cria ela própria distor­
ções que agravam os males ori­
ginais.