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Em outras palavras, o aumento da tos limites, pela utilização dos fatôres de
quantidade de moeda ou é a CAUSA ou é produção não utilizados. Assim também
o VEICULO QUE TORNA POSSÍVEL a nos países de exportações variadas e de
inflação. mercadorias que também são objeto de
Isso não quer dizer que a alta dos consumo interno, o primeiro surto infla
preços se processe sempre em paralelis cionário pode ser compensado pelo con
mo exato com o aumento da quantidade sumo de uma parte daquilo que seria nor
de moeda, porque há elementos secundá malmente exportado; nesse caso a pressão
rios que intervêm para tomar êsse para inflacionária se traduz por uma redução
lelismo mais ou menos exato. MAS NO das exportações (e consequentes dificul
NOSSO CASO BRASILEIRO, o parale dades do balanço de pagamentos) em vez
lismo entre 40S indices de aumento dp. de alta dos preços.
quantidade da moeda e os da alta dos pre Mas nada disso se aplica ao caso de
ços tem sido impressionante. uma inflação vultosa e prolongada como
Podemos portanto desprezar tôdas as a nossa. No nosso caso as distorções e
complicações com que tanta gente, sobre deformações ditas estruturais, a que se
tudo os governantes irresponsáveis, pro pretende imputar a origem da inflação na
curam obscurecer um fenômeno muito da mais são do que CONSEQUÊNCIAS da
claro, como é o da inflação. Alguns dos interferência do Estado através da
que recorrem a álibis para fugir às res
COFAP, da falta de reajustamento das
ponsabilidades que lhe3 cabem, alegam tarifas dos serviços públicos, das taxas
que a inflação é devida, não ao excesso de
cambiais de favor, da licença prévia etc.
dinheiro emitido e sim à falta, de produ
As deformações que decorrem dessas me
ção; de sorte, dizem ésses pândegos, que
didas governamentais são CONSEQÜÊN-
se pode debelar a inflação aumentando a
C IA e NÃO CAUSA da inflação.
produção.
A inflação é um fenômeno que pode
Isto, quando dito de boa fé, é uma
atingir qualquer país em que exista um
asneira inqualificável, porquanto a pro
sistema monetário. Não há uma inflação
dução de um pai3 não pode aumentar de
latino-americana diferente da inflação eu
um ano para outro mais do que 5%, 6Çc
ropéia ou da inflação asiática. A êsse
ou 7<7c digamos; ritmo francamente aus
respeito vale a pena citar uma justa ob
picioso em qualquer país. Como é então
servação do Prof. Lincoln Gordon ao es
que um aumento de produção dessa or
crever:
dem de grandeza pede evitar uma infla
ção que resulta do aumento da quantidade
«Análise econômica não é uma
de moeda na razão de 209c, 309c e 40Çt?!
questão de gôsto. Devem-se aco
Outros há que recorrem a um álibi
lher com satisfação as manifesta
diferente e menos boçal. Dizem que a
ções distintas da Arte, de Literatu
inflação tem uma ORIGEM ESTRUTU
ra ou de Filosofia latino-america
RAL, isto é, que há paises em que é a
nas, mas não pode haver uma
estrutura económica a responsável pela
«C IÊ N C IA ECONÔMICA PAR A A
inflação.
AM ÉRICA L A T IN A » como não há
Isso não é verdade. Tudo quanto se
uma Física ou uma Matemática la
pode dizer é que há países cuja estrutura
tino-americana» .
econômica é mais vulnerável à inflação
do que outros. Nos países em que existe 2) — O QUE É QUE PROVOCA O AU
«U M A SOBRA NÃO U TILIZA D A » de MENTO EXCESSIVO DA QUAN
capacidade de transportes ferroviários, de TIDADE DA MOEDA?
capacidade de energia elétrica, de capaci
dade de usinas de aço e de outras indús Em têrmos gerais, pode-se dizer que
trias, a procura adicional proveniente de o aumento excessivo da quantidade de
um surto inflacionário, pode ser compen moeda provém, quase invariàvelmente, da
sada, na sua primeira fase, dentro de cur tentativa partida de um grupo da socie-