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Pouco antes de falecer, Cunha Mello ocupou a tribuna do Senado Federal
para combater, com propriedadè e altaneirismo, o Projeto aprovado pela Camara dos Deputados -
e esse discurso foi transcrito, na íntegra, na edição de novembro de TEL»EBRASIL NOTICIÁRIO.
Com precisão e segurança demonstrou aos seus pares que o Projeto em tramitaçao, restringindo -
os critérios constitucionais vigentes que regulam a matéria, feria, de morte, a iniciativa particu
lar, estabelecendo o monopólio estatal da telecomunicação no País no exato instante em que a Na
ção não dispunha de condições para substituir, com vantagens, a livre-emprêsa naquele setor de
% atividad,e. Naquelá oportunidade o saudoso brasileiro, velho lidador das cousas do direito, advo-
>¦ gado que foi dos mais brilhantes desde sua mocidade, afirmava que
"a meu ver, o que não se pode fazer e restringir onde o texto constitucional foi amplo e optati-
vo, estabeleceu uma regra sem exceções.
Extinguir a iniciativa privada, diz o Papa João XXIII na sua Enciclica "Mater et Magister", é
¦ impor a própria tirania do Poder Publico. E o que se pretende fazer é tirar das empresas -
privadas para dar ao Estado".
Ninguém, por certo, teria podido definir melhor os males da proposição
votada pelos senhores deputados. E nenhum outro teria dirigido ao Senado um apelo mais can-
dente, mais sincero e mais lúcido do que o saudoso parlamentar amazonense, da bancada do P. T.
Bj, ao dirigir-se, como fez, aos seus pares, encerrando sua magnífica alocução, com a seguinte
afirmativa:
" Ê pois, senhor Presidente, com os olhos voltados para o futuro deste país -r e para para o
futuro de seu sistema de telecomunicações — que espero venha a predominar o "bonsenso"
na votação deste Projeto".
Cunha Mello prestou à iniciativa particular, poucos dias antes de fale
cer, assinalado serviço: defendeu, da tribuna, quando pela ultima vez se dirigia aos seus pares,
o direito da livre empresa de sobreviver e de existir no setor de telecomunicação. Aquela pagina
notável lá está, no Senado, viva e latente, para ser compulsada por quantos desejarem analizar -
melhor o problema e conhecê-lo nos seus detalhes mais íntimos e mais perigosos. A palavra cla_
ra e ímpressionantemente sincera do velho, a^hador que a morte arrebatou do convívio de seus
patrícios, ecoa, ainda, no plenário da Camara Alta, como aviso corajoso e ensinamento irrever
sível que haverão, por certo, de prevalecer amanha, quando o Senado da Republica tiver que deci
dir se a iniciativa privada deve ser preservada ou se do seu aniquilamento resultara, para a Na - —
ção, benefícios e vantagens.
De qualquer forma, a nós só resta, agora, prantear o dedicado lidador,
tombado no mais aceso do combate. A magnífica bandeira que suas mãos empunharam, com tan
to entusiásmo e tamanha coragem, não haverá, por certo, de ficar abandonada. Outros haverão -
de empunhá-la, com a mesma combatividade e, talvez, agora com maior desassomb.o, na defesa
daqueles r. .-eraos princípios, elevados e altruisticos, patrióticos e democráticos que o saudo so -
brasileiro tão bem soube defender até os últimos instantes de sua fecunda existência.
O PROBLEMA TELEFÔNICO
Registrando a visita que fizeram ás sível e irreal, porém, nada é mais simples
instalações da Companhia Telefônica de Minas Pode ser uma Babel, e o será talvez. Mas
Gerais diversos diretores da Associação Co nao configura nenhum cáos. Muito ao con -
mercial, à convite da direção da mencionada trário, cada peça, cada engrenagem ali tem
emprêsa, a revista "Mensagem Econômica" - uma tarefa predeterminada a executar e a e_
órgão oficial daquela entidade, assim se ma xecuta com perfeito smcronismo, como se
nifestou em sua edição de dezembro último: fôsse um verdadeiro "ballet" mecânico.
Pena nao seja facultada ao público belo-
" Ha dias visitamos as instalações da Cia. rízontino uma visita como a que fizeram a
Telefônica de Minas Gerais, e ficamos conhe quela concessionária as entidades represen
cendo por dentro aquela emprêsa concessio - tativas das classes produtoras mineiras, por
nária dos serviços telefônicos de Belo Hori — que as instalações da CTMG mereciam ser
zonte e de outros municípios mineiros. conhecidas por todos, especialmente pelos
céticos, os que não acreditam possa existir
É uma autêntica Babel de circuitos ele algo assim tão complexo e simples a um so
tronicos, uma rêde incomensurável de fios - tempo. Uma Babel, já o dissemos — mas
que se entrelaçam. Ao leigo poderá parecer, uma Babel rediviva, aonde vozes se entre -
assim à primeira vista, algo de incompreen cortam num silêncio quase aterrador, que