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Hoje,  quando  o mal é o mesmo e o mesmo é o remédio, a implantação



                           da  fórmula  salvadora  será muito  mais  difícil porque  a demanda  é  muito


                          maior  e  o  custo  do  equipamento  necessário  ao  seu  atendimento  é  muito



                          superior —  quase  dez vêzes mais  do  que representava em 195 A-





                                          Vale  ressaltar  que  o  ponto  crucial  do  problema  reside,  hoje,  na


                          impossibilidade  de  qualquer  solução  a  curto  prazo  para  a  demanda  exis­



                          tente  —  fator  este  que  tem  sido  o  mais  relegado  pelas  autoridades  inte­


                          ressadas  no  assunto'.  A  indústria nacional  de  equipamento  telefônico  tem



                          sua produção  limitada,  dentro  de programas dos  mais rígidos,  daí porque



                         dizermos  que  qualquer  plano  elaborado  para  alcançar  a  regularização


                         do  serviço  somente  poderá  ser  executado  a  longo  prazo.  Não  será  em



                         quatro  ou  cinco anos  que  conseguiremos ver atendidos  os justos reclamos


                         de  quase  um  milhão  de  candidatos  a  telefone,  com pedidos  de  novas  ins­



                         talações registrados por toda a parte e, mais acentuadamente, nas grandes


                         capitais  do país.  Mesmo  que  haja disponibilidade  em recursos financeiros



                         e  mercado  farto  de  equipamento  —   ainda  assim  a  execução  de  progra­



                        mas  de  maior  amplitude  demandará  muito  tempo  para  chegar  a  bom


                        têrmo.





                                        E  quanto  custará,  no  decorrer  de  prazo  tamanho,  uma  linha  tele­



                        fônica  completa  e  pronta  para  funcionar?  Como,  em  que  condições  po­


                        derão  ser  preparados  os  orçamentos  se  o  valor  da  nossa  moeda  se  dilue,



                        no  dia-a-dia,  e  a  conjuntura  cambial  —   importante  na  importação  de



                        matéria  prima  —   é  indefinida  e  imprevisível?





                                       Lamentavelmente,  tudo  continua,  atualmente,  na  estaca  zero,  e  o


                        debate  se  trava  simplesmente  em  tomo  de  quem  deva  responsabilizar-se



                        pela  operação  do  serviço  em  crise.  Discute-se,  pura  e  simplesmente,  em


                        tomo  da  competência  legal  para  explorar,  ou  não,  um  serviço  publico



                        tão  relevante  —  mas  ninguém  se  mexe  no  sentido  de  assegurar  condi­



                        ções para a exploração.





                                       O  Poder  Público  reconhece  que  a  solução  do  problema  é  aquela  que



                       foi,  no  passado,  configurada  no  trinômio  inexorável;  mas  é  lento  nas


                        suas  decisões  e  a  aplicação  do  remédio  salvador  vem  sendo  inexplicável­



                       mente retardada.





                                       Qualquer  que  seja a política  adotada,  no futuro,  com relação  ao  ser­



                       viço telefônico —  quer fique o sistema nacional entregue, para exploração,


                       a  particulares,  como  seria  mais  recomendável,  quer  prevaleça  o processo



                       de  estatização  ora  em  curso,  com  todos  os  seus  perigos  e  inconvenientes



                       —   sua  regularização  haverá  de  depender  unicamente  da  execução  da­


                       quelas  três  providências  tão  reclamadas  e  que  têm  sido  a  tônica  da  pre­



                       gação  feita:  —  tarifas  adequadas  a  todo  tempo;  indústria  nacionâl  de



                       equipamentos,  com  produção  farta  assegurada;  e  auto financiamento.





                                      Não  resta  dúvida  de  que  ainda  há  esperanças  de  que  tudo  poderá



                       ser  resolvido  a  contento  —   porque  a  esperança  é  a  última  cousa



                       que  se  deve  perder!  O  refrão  tão  batido  haverá  de  poder,  um  dia,  pre­


                       valecer  e  o  Brasil  poderá,  então,  recuperar  o  tempo  perdido,  se  bem  que



                       a  custa de muito maior empenho  e  de redobradas  energias.





                                      A  nós só resta esperar —  como já o dissemos em edições passadas —



                       com  a  pertinácia  e  a  paciência  que  vimos  tendo,  as  quais  não  têm  tido



                       limites.  Só  nos  resta  esperar,  é  verdade!  Seja-nos  lícito,  entretanto,  per­



                       guntar:  esperar até quando ?
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