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povo que melhor se pode realizar num muito maior poder criador do que a
ambiente de independência que de ser absorção da tecnologia moderna ne
vidão. E7 indiscutível, também, que o cessária ao desenvolvimento. Não há
colonialismo envolve humilhação e às porque postular que essas raças sejam
vêzes espoliação e crueldade humana, hoje incapazes de repetir a façanha.
e deve ser abolido da face da terra. Nenhuma dessas explicações simplis
Mas o seu desaparecimento, por si só, tas ou «slogânicas» resiste a qualquer
não eliminará o subdesenvolvimento, análise. Mas são exatamente encanta
pois êste tem causas mais complexas. doras para comícios de arrabalde. E
Os indonésios, por exemplo, imagina a popularidade de algumas dessas ex
vam que, escorraçados os holandêses, plicações (particularmente as que lan
ingressaiiam numa era de riqueza. En çam a culpa sobre fatores externos ao
tretanto, empobreceram. país) entre os nossos políticos revela
o baixo grau de educação técnica, o
Há quem pretenda que o processo desamor à investigação científica e a
democrático é incompatível com o rá propensão ao animismo pré-lógico. Em
pido desenvolvimento econômico. Faz- certo sentido, fizemos algum progres
-se necessário a disciplina totalitária so, já que passamos do fetichismo
para reprimir o consumo e arregimen concreto (a saúva e o amarelão como
tar mão-de-obra. Essa doutrina era causas do subdesenvolvimento) para
pregada pelos nazistas e hoje o é pelos o animismo abstrato (fôrças ocultas,
comunistas. Mas o autoritarismo de processos espoliativos, capitais preda
direita deixou Portugal subdesenvol tórios). Mas o diabo é que nem «slo
vido e a Argentina estagnou sob a di gans» nem exorcismo nos salvarão da
tadura peronista. A Itália progride pobreza.
hoje em regime democrático, em rit
mo jamais alcançado na era fascista. A explicação mais aceitável do de
A Alemanha Oriental, sob um tota senvolvimento econômico é que ele é
litarismo de esquerda, fica humilhan função do nível e composição dos in
temente atrás da Alemanha Democrá vestimentos em capital físico e da qua
tica e capitalista. Polônia e Iuguslá- lidade do capital humano. Ainda aqui
via. sujeitas à disciplina totalitária de é perigoso ser simplista.
esquerda, vivem a solicitar auxilio
norte-americano e têm um ritmo de A Argentina peronista e a Itália
desenvolvimento em nada superior ao fascista mantiveram, por prolongado
do Japão, ao da Holanda e ao da Itá período, alto nível de investimento
lia. países que oneram em regimes ca (acima de 20 por cento do produto na
pitalistas e democráticos. Donde, nem cional), com magro resultado desen-
o socialismo nem o totalitarismo se volvimentista. É que grande parcela
rem necessários para o desenvolvi dos investimentos se desperdiçou em
mento. consumo suntuário e despesas milita
res improdutivas. Não basta investir
Outro * slogan» atraente é imaginar muito. É preciso investir bem.
que o desenvolvimento econômico é
função dos recursos naturais. Porém Mais importante ainda é o aperfei
a Noruega, o Japão e a Suíça são paí çoamento do capital humano através
ses altamente desenvolvidos, a despei da educação e tecnologia. Pesquisas re
to da escassez de recursos naturais; o centes, quer na União Soviética, quer
Brasil, a Colômbia e a Indonésia são nos Estados Unidos, revelam que me
ricos e, entretanto, pobres... Nem as nos da metade do incremento de pro
raças ou os trópicos explicam o sub dutividade resulta de investimentos fí
desenvolvimento. A criação da mate sicos em usinas, indústrias, estradas.
mática e da grande arquitetura reali A maior parte tem de ser explicada
zada pelos egípcios e gregos exigiu pelo melhoramento qualitativo do fa