Page 1508 - Telebrasil Noticiário
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Considerando  que  a  estatização  dos  serviços  de  utilidade  pública,  com



                                            a  eliminação  da  iniciativa  privada,  é  um  ato  antidemocrático  e  pre­



                                            judicial  aos  interêsses  do  povo;




                                             Sabendo-se  que  recentemente  correntes  estatizantes,  na  área  fede­



                                             ral  e  nas  áreas  estaduais,  procuram  arrancar  da  iniciativa  privada  os



                                            serviços  de  telecomunicações,  que  as  empresas  privadas  do  Brasil,  por


                                            falta  de  tarifas  adequadas,  não  têm  podido,  na  verdade,  desenvolver,



                                            à  altura  das  necessidades  do  progresso  nacional;



                                            Reconhecida,  por  outro  lado,  a  necessidade  imediata  de  um  bom  ser-



                                            viço  de  telecomunicações,  sem  o  qual  a  indústria  e  o  comércio,  prin-



                                            cipalmente  o  comércio  de  exportação,  não  podem  alcançar  o  desenvol­



                                            vimento  de  que  são  capazes,  para  o  bem  do  Brasil;



                                            Considerando  que  existe  hoje  no  país  a  indústria  de  equipamentos  de



                                            telecomunicações,  capaz  de  atender  às  necessidades  brasileiras,  o  que



                                            torna  o  capital  estrangeiro  nos  serviços  de  telecomunicações  menos


                                           importante  do  que  o  foi  no  passado;



                                            Considerando,  ademais,  que  o  Brasil,  que  não  dispensa  ainda  a  téc­



                                            nica  estrangeira,  possui  hoje,  contudo,  um  corpo  de  técnicos  em  comu­



                                           nicações  perfeitamente  capazes,  como  o  têm  comprovado,  de  levar  a



                                           bom  têrmo  projetos  arrojados  no  campo  da  eletrônica  e  das  telecomu­



                                           nicações  em  geral;



                                           Considerando,  ainda,  que  o  investimento  em  serviços  de  utilidade  pú­



                                           blica  no  Brasil  —   apenas  como  investimento  para  obtenção  de  lucros



                                           — não  é  bastante  atraente,  em  face  de  inúmeros  outros  negócios  mais


                                           lucrativos,  como  é  público  e  notório;



                                           Considerando,  que  para  a  atualização  das  redes  hoje  existentes  torna-



                                           -se  necessário  um  investimento  de  Cr$  300  bilhões,  sem  levar  em



                                           conta  as  exigências  do  crescimento  vegetativo;



                                          Considerando,  todavia,  que  o  brasileiro  investe  prazeirosamente  seu


                                          dinheiro  em  serviços  de  utilidade  pública,  sempre  que  seu  investimen­



                                          to  —   além  de  rendimentos  razoáveis  e  voz  nas  assembléias  —   lhe



                                          propicia  o  serviço  de  que  necessita,  como  está  provado,  sem  sombra



                                          de  dúvidas,  nas  centenas  de  cidades  brasileiras  onde  floresce  e  pro­



                                          gride  o  chamado  autofinanciamento,  que,  além  de  criar  as  modernas


                                          rêdes  telefônicas  que  hoje  se  encontram  de  Norte  a  Sul  do  país,  teve



                                         a  grande  virtude  de  realizar  a  democratização  do  capital,  fazendo



                                          com  que  cada  nôvo  assinante  seja  um  acionista  da  emprêsa  e  um  es­



                                          teio  de  sua  prosperidade;



                                          Considerando,  finalmente,  a  filosofia  exposta  pelo  Papa  João  XXIII



                                         em  «M ater  et  Magistra»:  —






                                                «A   História  e  os  monumentos  atestam  que  onde  quer  que  os  regi­



                                                mes  políticos  deixam  de  atribuir  aos  particulares  a  posse,  mesmo



                                                dos  bens  produtivos,  aí  é  violado  ou  completamente  destruído  o  uso



                                                da  liberdade  humana  em  questões  fundamentais.  De  onde  se  deduz


                                               que  a  liberdade  encontra,  no  direito  da  propriedade,  proteção  e  in­




                                               centivo.  Aí  é  que  se  deve  procurar  o  motivo  porque  os  partidos  e


                                               movimentos  políticos  e  sociais  que  tentam  harmonizar  a  liberdade



                                               e  a  justiça  nas  sociedades  humanas,  até  bem  pouco  tempo  atrás



                                               não  aceitavam  o  direito  à  propriedade  particular  dos  bens  produ­



                                               tores  de  riquezas,  e  hoje,  mais  esclarecidos  pelo  curso  das  questões



                                               sociais,  reformam  sua  opinião  e  aprovam  este  mesmo  direito.



                                               Não  basta,  porém,  afirmar  o  caráter  natural  do  direito  à  proprie-
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