Page 1689 - Telebrasil Noticiário
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Assim,  visto  está  que  tudo  irá  agora  depender  do  funcionamento  e


                                    da  capacidade  do  Conselho  Nacional  de  Telecomunicações,  em  cujas  mãos



                                   estará  concentrada  tôda  a  gama  de  responsabilidade  antes  distribuída


                                   entre  os  diversos  poderes  concedentes  estaduais  e  municipais,  por  todo



                                   o  território nacional.


                                                  Até  aqui,  uma  grande  parte  do  nosos  sistema  telefônico  teve  que



                                   suportar  os  efeitos  da  inércia  —  para  não  dizermos  inépcia  —   adminis­


                                   trativa  e  não  pôde,  por  omissão  dos  poderes  concedentes,  crescer  e  de­



                                  senvolver-se,  enquanto  uma  outra  parte  conseguia  evoluir  e  prosperar,


                                  graças  à  compreensão  e  ao  bom-senso  dos  administradores  locais.  Agora,



                                  entretanto,  tudo  passou  a  depender  de  um  só  organismo  —   o  novo  Con­


                                 selho  Nacional  de  Telecomunicações  instituído  pelo  Código.  Se  êle  souber



                                 exercitar suas  atribuições  com  o  mesmo  desassombro  e  o  mesmo  discerni­


                                 mento  com  que  souberam  comportar-se,  em  mais  de  trezentas  localidades



                                  brasileiras,  as  autoridades  locais,  que  permitiram  a  expansão  do  serviço


                                  telefônico  mediante  a participação  financeira  dos  usuários  no  empreendi­



                                mento  em  pouco  tempo  teremos  vencido  a  crise  que  se  vem  tornando


                                crônica.



                                                Entretanto, se  o novo  Conselho preferir manter-se na cômoda posição


                                adotada  pelos  demais  —   exatamente  aqueles  que,  mais  numerosos  e



                                atuantes,  têm  demagogicamente  impedido  a  adoção  das  novas  normas


                                 e  dos  atualizados  critérios  recomendados  pela  situação  de  fato  existente



                                 no  país  —   tudo  haverá  de  estar  irremediavelmente  perdido.  O  pouco  que


                                 se  vinha  fazendo  irá  por  água  abaixo  e  o  sistema  nacional  de  telecomu­



                                 nicações entrará, por certo,  em colapso.


                                                E ’  necessário  que  todos  se  convençam  de  que  não  seria a  estatização


                                 capaz  de  operar  o  grande  milagre —  mesmo que  o  Governo  se  dispuzesse



                                 a  postergar  o  seu  programa  administrativo,  permitindo  que  se  ampliasse



                                 a  prespão  sôbre  o  Tesouro  Nacional,  dos  investimentos  em  serviços  pú­


                                 blicos,  contrariando,  destarte,  frontalmente,  a  grande  tese  levada  ao



                                 Congresso  Nacional  logo  após constituir-se  legítimamente.



                                                Esperemos,  pois,  que  o  Conselho  Nacional de  Telecomunicações,  como


                                 órgão  centralizador,  procure  rapidamente  regularizar  o  sistema  nacional



                                de  telecomunicações,  concedendo  prioridade  àquelas  providências  capazes


                                de  garantirem  a  expansão  das  rêdes  existentes,  antes  mesmo  de  preo­



                                 cupar-se  com  o  poder  maior  que  lhe  foi  outorgado  de  pôr  em  prática  o


                                 monopólio  estatal  recém  instituído —  trabalho  que  haverá  de  exigir mui­



                                 tos  anos  de  espinhoso  mister  e  de  cuidadoso  estudo,  para  que  não  ocorra


                                 o  tumulto  e o  cáos.  Esta a nossa grande preocupação;  este  o nosso grande



                                receio.







                                                Aguardemos,  confiantes,  o  que  o  futuro  nos  reserva  —   e  vamos  ver



                                se  o  Código  Nacional  de  Telecomunicações  valeu  o  esforço,  a  luta,  os


                                 sacrifícios  e,  principalmente,  as  mágoas  e  as  angústias  de  que  muitos  se



                                viram  posstiídos.  durante  sua  tramitação  pelo  Congresso  —   tão  bem  re­



                                 presentados,  aqueles,  no  caso,  pelo  saudoso <Senador  Cunha  Mello  que  por


                                êle tanto  batalhou. até os últimos lampejos de sua vida laboriosa e fecunda,



                                 sem  ter  podido  vê-lo,  como  hoje  o  vemos,  posto  em  condições  de  entrar


                                em  vigor,  em  função  da.  grandeza  e  do  desenvolvimento  do  nosso  Brasil;



                                 e  o  Senador  Sérgio  Marinho  que  defendeu,  na  Câmara  Alta,  sem  desfa­



                                 lecimento.  a  sobrevivência  da  iniciativa  privada.
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