Page 1788 - Telebrasil Noticiário
P. 1788

NEOLIBERALISMO  CRIADOR






                                                                        E






                                  ESTATISMO  OPRESSOR








                                                                                                                  (De  uma  conferência)









                                                                                                                                                                                     —   Prof.  LUCAS  LOPES  —



























                                                —  Transcrevemos  a  guisa  dc  SUPLEMENTO,  a  integra  do  texto  de


                                   uma  conferência  recentemente  pronunciada  pelo  ex-ministro  LUCAS  LOPES,



                                   publicado  no  jornal  “Estado  de  Minas>,}  edições  de  20  c  25  de  outubro  último.



                                    Trabalho  profundo,  substayicioso  e  convincente,  a  conferência  do  eminente



                                    brasileiro  merece  ser  lida  e  meditada  por  quantos  tenham  qualquer  parcela


                                    de  responsabilidade  na  vida  pública  do  País,  no  momento  em  que  parece  es­



                                    tar-se  consolidando,  no  Brasil,  uma  perigosa  e  nociva  política  de  estatização.






                                                TELEBRASIL  NOTICIÁRIO  divulga  o  excelente  trabalho  do  Professor



                                    Lucas  Lopes  como  uma  valiosa  contribuição  que  dá  àqueles  que  se  esforçam



                                    pela  preservação,  no  Brasil,  da  iniciativa  privada  absolutamente  indispensá­



                                    vel  ao  nosso  desenvolvimento  econômico  e  ao  nosso  engrandecimento  como



                                    Nação  independente.


























                                              Nesta  altura  do  século  XX,  um  relance  sôbre  a  evolução  da  economia  brasi­


                           leira  imprime  em  nosso  espírito  dois  sentimentos  contraditórios.  De  um  lado,  reco­


                           nhecemos,  com  satisfação,  têrmos  aprendido  a  dominar  quase  tôda  a  tecnologia


                           que  há  poucas  décadas  construiu  a  grandeza  econômica  e  política  das  maiores  Po­


                           tências  de  nossa  época.  Apenas  em  têrmos  quantitativos,  sofremos  limitações  em  al­

                           guns  setores  de  nossa  estrutura  econômica,  em  comparação  com  a  de  Grandes  Po­


                           tências,  na  época  de  início  de  seu  processo  acelerado  e  cumulativo  de  desenvolvi­


                           mento,  seu  “take-off”,  para  usar  expressão  em  voga.  Sob  outra  luz,  sentimo-nos  de­


                           primidos,  quando  comparamos  os  recursos  produtivos  e  cultura  técnica,  que  hoje  do­

                           minamos,  com  a  dos  povos  que  se  preparam  para  as  incursões  interplanetárias.


                          Ainda  que  tenhamos  progredido  muito,  temos  a  impressão  de  estarmos  parados,  tal


                           o  ritmo  de  evolução  tecnológica  e  econômica  das  nações  desenvolvidas.






                                              Parece  certo  que  já  acumulamos  conhecimentos  suficientes  para  um  continuo


                          processo  da  evolução  tecnológica,  capaz  de  edificar  uma  forte  Nação  industrial.


                          Nossas  limitações  de  recursos  naturais  poderiam  ser  ràpidamente  superadas  pela


                          pesquisas  e  descoberta  científica  e  pela  incorporação  de  novas  técnicas  se  não  so­

                          frêssemos  defeitos  de  organização  administrativa  e  política  que.  a  nosso  ver,  retar­


                          dam  e  tornam  inutilmente  dolorosa  a  marcha  do  desenvolvimento  econômico.






                                              Entretanto,  no  elenco  das  falhas  de  nosso  esforço  de  desenvolvimento  econô­


                          mico,  destaca-se  o  fato  de  ainda  não  têrmos  conseguido  definir  uma  atitude  nacio­


                          nal,  uma  “ideologia",  um  programa  de  trabalho,  uma  filosofia  de  vida  coletiva,  um


                          nacionalismo  brasileiro,  que  nos  permitisse  pôr  em  marcha  as  forças  realmente


                          criadoras  da  economia,  sem  nos  submetermos  às  trágicas  exigências  do  “planeja­


                         mento  centralizado  e  ditatorial",  aos  sucedâneos  caboclos  do  "capitalismo  de  Esta-
   1783   1784   1785   1786   1787   1788   1789   1790   1791   1792   1793