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NEOLIBERALISMO CRIADOR
E
ESTATISMO OPRESSOR
(De uma conferência)
— Prof. LUCAS LOPES —
— Transcrevemos a guisa dc SUPLEMENTO, a integra do texto de
uma conferência recentemente pronunciada pelo ex-ministro LUCAS LOPES,
publicado no jornal “Estado de Minas>,} edições de 20 c 25 de outubro último.
Trabalho profundo, substayicioso e convincente, a conferência do eminente
brasileiro merece ser lida e meditada por quantos tenham qualquer parcela
de responsabilidade na vida pública do País, no momento em que parece es
tar-se consolidando, no Brasil, uma perigosa e nociva política de estatização.
TELEBRASIL NOTICIÁRIO divulga o excelente trabalho do Professor
Lucas Lopes como uma valiosa contribuição que dá àqueles que se esforçam
pela preservação, no Brasil, da iniciativa privada absolutamente indispensá
vel ao nosso desenvolvimento econômico e ao nosso engrandecimento como
Nação independente.
Nesta altura do século XX, um relance sôbre a evolução da economia brasi
leira imprime em nosso espírito dois sentimentos contraditórios. De um lado, reco
nhecemos, com satisfação, têrmos aprendido a dominar quase tôda a tecnologia
que há poucas décadas construiu a grandeza econômica e política das maiores Po
tências de nossa época. Apenas em têrmos quantitativos, sofremos limitações em al
guns setores de nossa estrutura econômica, em comparação com a de Grandes Po
tências, na época de início de seu processo acelerado e cumulativo de desenvolvi
mento, seu “take-off”, para usar expressão em voga. Sob outra luz, sentimo-nos de
primidos, quando comparamos os recursos produtivos e cultura técnica, que hoje do
minamos, com a dos povos que se preparam para as incursões interplanetárias.
Ainda que tenhamos progredido muito, temos a impressão de estarmos parados, tal
o ritmo de evolução tecnológica e econômica das nações desenvolvidas.
Parece certo que já acumulamos conhecimentos suficientes para um continuo
processo da evolução tecnológica, capaz de edificar uma forte Nação industrial.
Nossas limitações de recursos naturais poderiam ser ràpidamente superadas pela
pesquisas e descoberta científica e pela incorporação de novas técnicas se não so
frêssemos defeitos de organização administrativa e política que. a nosso ver, retar
dam e tornam inutilmente dolorosa a marcha do desenvolvimento econômico.
Entretanto, no elenco das falhas de nosso esforço de desenvolvimento econô
mico, destaca-se o fato de ainda não têrmos conseguido definir uma atitude nacio
nal, uma “ideologia", um programa de trabalho, uma filosofia de vida coletiva, um
nacionalismo brasileiro, que nos permitisse pôr em marcha as forças realmente
criadoras da economia, sem nos submetermos às trágicas exigências do “planeja
mento centralizado e ditatorial", aos sucedâneos caboclos do "capitalismo de Esta-