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do”, ou à liderança tacteante de chefes incultos e despreparados para o govêrno do
uma Grande Nação do Mundo Moderno.
MAL-EDUCADOS PELA CRISE
Infelizmente, no momento em que a economia brasileira começou a adquirir
possibilidades de um “take-off”, quando se completaram os elementos básicos de in-
fraestrutura, como um sistema de transportes terrestres e marítimos razoável; quan
do se adensaram núcleos urbanos capazes de comandar a vida econômica de largas
regiões agrícolas; quando o afluxo de imigrantes de maior nível cultural e a forma-
I ção de elites técnicas locais ofereceram báse nova aos quadros administrativos do
govérno e das empresas; nessa fase decisiva de evolução econômica o capitalismo, a
livre empresa e a democracia, três faces dêsse tetraedro que é a imagem do homem
livre, se cobriam, em todo o mundo, de densas nuvens tinham suas arestas defor
madas e parecia destinar-se ao mergulho na noite da história vivida, dos siste-
* mas superados.
A crise do capitalismo moderno, que teve sua catástrofe purificadora na
grande depressão que se seguiu ao “crack” da bôlsa de Nova York, levando o de-
semprêgo, a falência e o desespêro a milhões de indivíduos nos Estados Unidos,
na Europa e em todo o mundo, coincidiu, aproximadamente, com um dos pontos de
inflexão mais importantes na curva de maturidade da economia e da vida política
brasileira.
Essa crise projetou-se no Brasil durante a Revolução de 1930 e nos anos sub-
seqüentes, em que uma elite revolucionária, vinculada à responsabilidade de for
mular normas renovadoras da vida brasileira, recebia, do mundo exterior, os mais
estranhos influxos do pensamento, sem gênio político capaz de segregar e incor
porar a nossa cultura as boas lições aprendidas no sofrimento por povos mais ve
lhos e experimentados do que nós, sem paciência e talvez sem tempo para aguardar
que se sedimentassem, lá fora, os erros e aventuras de pensamento político, que
haviam subido â tona, nas convulções de duas terríveis guerras mundiais.
Se o crack da Bólsa de Nova York e a crise do café se houvessem retardado
de dez anos, provàvelmente o Brasil teria entrado em seu estágio de industriali
zação e “take-oíf” sob o signo bárbaro, estimulante e criador do capitalismo clás
sico. E seguramente, teria encontrado as correções que a dinâmica da história im
pôs ao sistema, sem se perder nas tentativas confusas de superação do subdesen
volvimento econômico e de imaturidade política, que marcam ainda a hora no Brasil.
Todavia, o que a história registrou foi a introdução de conceitos políticos, que, a
titulo de salvar os povos da miséria e libertá-los das ‘‘garras de empresários im
piedosos, os lançaram sob o domínio do Estado Leviathan, sob o jugo do Fascismo,
do Nazismo, do Socialismo Marxista-Leninista. Em um momento crucial da histó
ria, as únicas doutrinas que nos vinham dos focos tradicionais de nossa formação
cultural, envolviam dúvidas, restrições ou negações sôbre a validade essencial da
democracia, da liberdade e da livre emprêsa. Até hoje ainda não abrimos novamente
nossos portos e nossa cultura ao liberalismo renovado, que impõe ao Estado o dever
de se submeter ao homem em sua luta de libertação da fome, do mêdo e da inveja.
E o que é mais grave, a geração de professôres, de mestres que se formou nos anos
?
de confusão e perplexidade das décadas de 30, 40 e 50, não tem sabido reinterpretar
sua visão do mundo, rever suas idéias superadas e falhas, como por exemplo, sôbre a
função do Estado em face da livre emprêsa. As novas gerações brasileiras vêm
sendo educadas por muitos mestres que cristalizaram seus conhecimentos num ins
tante de sombra da História, e não têm notícia das maravilhosas criações de cul
tura, de política, de arte ou de tecnológia que o neóliberalismo econômico vem pro
movendo e condicionando aos povos que recuaram em tempo do atoleiro das esta-
tizações e das f alacias do socialismo róseo. . . E’ seguramente por isto que tão fà-
cilmente circulam entre nós velhas idéias da geração passada sôbre o liberalismo,
a livre emprêsa e o capitalismo.
SEM LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
Antes de ter tido a oportunidade de provar, no Brasil, o seu imenso poder
criador de riqueza e libertador de povos e de espíritos, o capitalismo moderno, a li
vre emprêsa, expurgados dos exageros individualistas da primeira Revolução In
dustrial, foram manietados, e vão sendo gradativamente sufocados por um interven-